No dia 12 de janeiro de 2023, os
alunos do 12ºano de Psicologia e Direito (alguns deles embaixadores-juniores) realizaram uma visita de estudo ao
EPPC, que tem neste momento cerca de 600 reclusos.
A articulação entre a Diretora do
EPPC, Dra Paula Martins e a professora Helena Marques do Agrupamento de escolas
de Santo André, foi fundamental para a organização e planificação das
atividades que decorreram nesse dia. A visita teve por objetivos: dar a
conhecer os serviços existentes num estabelecimento prisional e da prática
diária dos profissionais aí envolvidos, observar in loco a diversidade de
opções de intervenção para o futuro advogado, psicólogo ou técnicos associados aos
serviços prisionais, possibilitando aos alunos contacto com uma realidade
muitas vezes fechada ao exterior.
Os 33 alunos fizeram-se
acompanhar das professoras Helena Marques e Luísa Diniz.
De acordo com o combinado, a
visita iniciou-se pontualmente pelas 9.30 com a passagem de todos pelo controlo de
segurança do estabelecimento prisional.
São cerca de 1600 os hectares que
fazem parte do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz. Por esta razão,
atividades como a agricultura e a floresta são ali desenvolvidas, tendo o vinho
produzido pelos reclusos sido reconhecido pela sua alta qualidade.
De seguida, percorremos vários
espaços onde os reclusos podem trabalhar: padaria, oficinas, lavandaria,
tratamento de cães abandonados e outros. Percorremos os pavilhões onde se situam
as escolas, os serviços clínicos (psicologia, psiquiatria e enfermaria) e o
pátio central onde se localiza a igreja. Percorremos um corredor que nos deu
acesso às celas disciplinares onde podemos colocar perguntas a um recluso que
ocupava uma das celas.
Caminhámos para a sala de visitas onde ouvimos os depoimentos
de vários reclusos que quiseram partilhar connosco as suas histórias de vida, tentando
reconstruir o caminho que os levou à criminalidade - presos por crimes
distintos, como tráfico de droga, homicídio, violência doméstica ou roubo.
Dois reclusos preferiram escrever
e entregar-nos os seus depoimentos por escrito. É desses escritos que extraímos
os seguintes excertos:
“Sou o recluso X, venho de
uma família pobre e comecei a ROUBAR roupa e ténis para ser como os meus
“amigos”. Depois vieram as coisas mais graves: VENDER DROGA, CONSUMIR, ROUBAR,
sempre para ser bem visto para os outros. EU TINHA MUITOS SONHOS, COMO TODOS TEMOS
SONHOS QUANDO JOVENS. Fui perdendo tudo pois a cadeia faz perder tudo.
Depois veio a minha FILHA e eu
queria ser um exemplo para ela, mas não pude dar-lhe o que ela merecia. E então, mesmo na cadeia fui-lhe mostrando que
a DROGA NÃO presta. Hoje ela não fuma, nem tabaco nem droga e sinto que esta
foi a minha VITÓRIA. Hoje, o meu SONHO é sair da cadeia e da vida do crime, pois
o Crime não compensa”.